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terça-feira, 8 de abril de 2014

Ratos e Homens (John Steinbeck)

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Autor: John Steinbeck
Nº de páginas: 144
Editora: L&PM
Série/Saga: -
Nota: 5/5









“Ele é um bom sujeito – disse Slim. – A gente num precisa sê inteligente pra sê bom. Às veiz, eu fico achando que é bem o contrário. Se a gente pega um sujeito bem isperto, ele quase nunca é um sujeito bom de verdade”
John Steinbeck é um dos maiores nomes da literatura americana. Vencedor do prêmio Pulitzer, tendo acumulado posteriormente o Nobel de Literatura. A obra mais conhecida do autor é As Vinhas da Ira. Mas decidi conhecer o autor por uma de suas obras “menores”, Ratos e Homens.

Em Ratos e Homens somos apresentados a uma dupla de trabalhadores rurais. George e Lennie. Embora estejam juntos há muito tempo os dois são figuras bem diferentes. George é um tipo mais compacto, consciente e decidido. Já Lennie incorpora o estereótipo do gigante tolo, ingênuo, que apesar de possuir uma força descomunal não tem sentido dela. Com isso, institui-se uma relação de dependência entre os dois. George é a mente, Lennie é a força. Ainda assim, existe um sentimento de companheirismo entre os dois, amizade talvez. Em um mundo no qual os trabalhadores vivem caminhando isolados é muito bem vindo ter um parceiro.

Os dois estão a caminho do seu próximo emprego. Trabalhar em uma fazenda de cevada. Antes eles trabalhavam em outra cidade, mas tiveram de fugir. Ao que parece Lennie cometeu alguma tolice, e não é a primeira. Nesse novo emprego os dois acalentam o plano de juntar dinheiro para poderem realizar seu sonho. Comprar um pedaço de terra e viver dela. Construindo uma espécie de paraíso particular. Com plantas, animais e uma vida tranqüila. Parece que tudo depende de Lennie não fazer nenhuma besteira.
“Claro que todo mundo qué isso. Todo mundo qué um pedacinho de terra, nem precisa sê muito. Só uma coisinha da gente. Só uma coisa pra sobrevivê, e pra ninguém podê ixpulsá a gente de lá. Eu nunca tive nada. Já trabalhei nas plantação de quase todo mundo desse estado, mas as plantação num era minha, e quando eu fazia colheita, a colheita nunca era minha. Mas agora a gente vai consegui, e também num vai fazê nenhum erro.”
A premissa do livro é bem simples. Parece se tratar apenas da condução da vida confusa e conturbada de trabalhadores rurais. Steinbeck não para por aí. Claro que o elemento da observação social se faz presente. Não apenas pela percepção do trabalhador rural, mas também na questão do racismo e da segregação. E outro ponto muito importante: a relação entre seres humanos.

Lennie é a figura central em Ratos e Homens. É um personagem que muito me lembrou, o também gigante, Jonh Coffey, do filme À Espera de um milagre. Não pelo que eles têm de comum, mas pelas suas diferenças. São homens de rara força física, que não tem noção desse poder. São figuras de todo simples, e na acepção mais pura, inocentes. Contudo, Coffey impressiona pelo contraste entre seu tamanho e sua delicadeza. Já Lennie é tudo, menos delicado. O que considerando sua capacidade física e suas restrições mentais oferece uma receita perigosa. George é um personagem a ser considerado, sua relação com Lennie, ainda que não seja de todo conveniente, assumiu um caráter de inércia. Eles começaram amigos e assim continuarão. Afinal, é preciso que um tome conta do outro. Mesmo que seja George o responsável por Lennie.

Ratos e Homens não é um livro alegre. Em absoluto. Não é oferecida ao leitor uma bela história de satisfações de anseios rurais. Steinbeck apresenta ao leitor uma história, em essência, triste. De modo nenhum desassociada da realidade. E que traz em seu curso a acusação da crueldade humana, da dificuldade dos relacionamentos entre seres humanos, e da fragilidade dos sonhos terrenos.


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