myfreecopyright.com registered & protected

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Minha querida Sputnik (Haruki Murakami)

, , , , 0








Autor: Haruki Murakami
Nº de páginas: 232
Editora: Alfaguara
Série/Saga: -
Nota: 4/5











“No mundo em que vivemos, o que conhecemos e o que não conhecemos são como irmãos siameses, inseparáveis, existindo em um estado de confusão.”

Minha primeira incursão pela produção de Murakami ocorreu através do livro Do que eu falo quando falo de corrida; um compilado de ensaios e artigos em que o autor discorre sobre a prática de corrida e sua produção literária – elementos que parecem indissociáveis. Foi uma leitura rápida e só fez aumentar a minha curiosidade de ler um romance do autor. De forma que minha iniciação na prosa de Mukarami ocorreu com Minha querida Sputnik.

Sumire, 22 anos, é uma garota que sonha em um dia se tornar uma grande romancista. Para perseguir seu objetivo ela abandonou a faculdade e resolveu passar tanto tempo quanto o possível escrevendo aquela que viria a ser sua grande obra. Ainda na faculdade ela conheceu K, o narrador. Sumire e K têm uma relação muito próxima. O elemento que os uniu inicialmente foi o interesse literário – ambos são leitores assíduos. Assim, eles vão tecendo uma amizade que chega a um ponto de compreensão mútua nem sempre observado. Para Sumire, K é um amigo especial, em quem ela pode confiar tudo, particularmente seus escritos. Já K vê em Sumire uma amiga, mas ele nutre por ela também um sentimento amoroso, não correspondido.

Sumire tem certos problemas com suas relações amorosas, embora já tenha tido alguns relacionamentos ela nunca se viu realmente comprometida. Essa situação muda quando ela conhece Miu. Isso ocorre durante a festa de casamento do primo de Sumire. O contraste entre ambas é evidente: Mil é 17 anos mais velha, uma mulher requintada, já Sumire impressiona com sua simplicidade. Apesar de tudo, as duas acabam se entendendo. E enquanto Miu simpatiza por Sumire, esta se vê as voltas com um sentimento por Miu que até então ela não havia experimentado. E se entre Sumire e K a literatura é o elemento de aproximação, entre ela e Miu será o fascínio pela música clássica.

Depois disso, Miu convida Sumire para que ela possa trabalhar com ela. Em seguida uma viagem é empreendida e então começa a ter lugar os elementos fantásticos que caracterizam as tramas de Murakami. Um evento não explicado, um ocorrência fantástica, e questionamentos sem resposta se põem em evidência.

A primeira coisa que me fez gostar desse livro foram os personagens. Sumire assume o ar daquele tipo de personagem algo autentica e exótica; K é um homem que guarda um sentimento não correspondido, mas vive em uma solidão permanente, em que Sumire é quem parece compensar esse vazio; Mil é uma mulher madura, que reserva um passado que a transformou profundamente. O trio vem assessorado de uma prosa que conserva uma leveza, sensibilidade e cuidado notáveis. 

“Porque as pessoas têm de ser tão sós? Qual o sentido disso tudo? Milhões de pessoas neste mundo, todas ansiando, esperando que os outros as satisfaçam, e contudo se isolando. Por quê? A terra foi posta aqui só para alimentar a solidão humana.”
Minha querida Sputnik é um livro acima de tudo agradável. Isso porque Murakami sustenta sua história em personagens que interessam ao leitor, em conformidade com uma prosa lírica perceptível. Ainda que seja importante dizer que o livro traz questões incomodas, como a solidão.

Resta-me dizer que Murakami é um autor especial. O fato de estar, já há algum tempo, entre os favoritos do prêmio Nobel não parece ser injustificado.
“No avesso de tudo que acreditamos identificar perfeitamente, esconde-se uma quantidade igual do desconhecido. O entendimento não passa da soma de nossos mal-entendidos.”


Stay Connected With Free Updates
Subscribe via Email
You Might Also Like