myfreecopyright.com registered & protected

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O Jantar (Herman Koch)

, , , 0









Autor: Herman Koch
Nº de páginas: 256
Editora: Intrínseca
Série/Saga: -
Nota: 4/5









“É instinto: aquele que cai é fraco, aquele que está no chão é presa”
O Jantar faz parte da categoria de livros a que pertence O Jardim de Cimento, de Ian McEwan. São tramas que para além de sua aparente simplicidade escondem algo que desloca o leitor, nos leva de certo modo a uma situação de desconcerto, perturbação. Mas bem, a comparação entre os livros só se presta para evidenciar a impressão que eles podem imprimir no leitor, em se tratando de suas tramas são caracteristicamente diferentes.

Um jantar. Dois casais. Um problema. Essa é a premissa básica do livro. Paul e Claire; Serge Latouch e Babete combinam de se reunir para tratar de uma questão familiar. Mas ao que tudo indica, Paul, o narrador, não está muito contente com o  encontro. Parece que se dependesse dele o jantar sequer ocorreria, na verdade. Contudo, sua esposa insiste que ele participe. Quanto ao problema, de início não fica claro qual é a questão central a ser tratada. E como um bom jantar, não se pode começar pelo prato principal. É preciso antes, degustar a entrada.

Paul é um personagem que não parece gozar da plenitude de suas faculdades mentais. Primeiramente, ele tem certa má vontade com Serge, um misto de inveja com ressentimento. Assim, o leitor é logo iniciado nas questões que perturbam o narrador. E, a trama não se dedica apenas ao jantar, Paul nos leva por suas memórias para que o leitor possa, em algum momento, compreender o que ali se pretende tratar. E conforme o assunto vai se aproximando, a tensão à mesa de jantar se eleva.

Esse é o tipo de livro sobre o qual não se de deve contar muito. Há um perigo em se entregar informações que só deveriam ser descobertas pelo leitor. Creio não ter rompido esse limite.
“Claro que é terrível, todos aprendemos a dizer que achamos terrível, mas um mundo sem desastre e violência – seja violência da natureza ou a de músculos e sangue – seria algo realmente insuportável.”
O jantar se trata de um livro que assume certo aspecto experimentalista. Gosto disto. Pelo menos, é uma história bem particular. As implicações a que se chega durante a discussão, obrigatoriamente, se aproximam de questionamentos morais. O leitor poderá se chocar com decisões de todo questionáveis, moral e eticamente. O que se sucede é um problema sem respostas fáceis, até onde vão, ou devem ir, os limites entre a proteção e a indulgência? Será certo sacrificar interesses de terceiros em proveito próprio?

O livro não põe essas questões em evidência, mas elas surgem conforme o circo se constrói. E o leitor é confrontado por personagens que assumem posições que embora eles tentem justificar parecem ser inadequadas, na melhor das hipóteses. É nesse aspecto que reside o brilhantismo do livro, personagens instáveis, um cenário de certo modo simples e uma problemática aterradora. A união desses elementos compõe o cerne de O jantar.

E é importante fazer notar que o autor sabe descrever de forma adequada e transmitir a impressão do que se passa no jantar. Um jantar que se assemelha a algum palco de horrores.

Em resumo, O jantar é um livro que fornece ao leitor uma experiência incomoda e submergível. É impossível não se comprometer com a leitura. 

Stay Connected With Free Updates
Subscribe via Email
You Might Also Like