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sexta-feira, 22 de março de 2013

A Visita Cruel do Tempo (Jennifer Egan)

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Livro: A Visita Cruel do Tempo
Autor: Jennifer Egan
Nº de páginas: 336
Editora: Intrínseca
Série/Saga:  -
Nota: 4,5/5











Essa é a realidade, não é? Vinte aos depois, sua beleza já foi para o lixo, especialmente quando arrancam fora metade das suas entranhas. O Tempo é cruel, não é? Não é assim que se diz?

Jennifer Egan ganhou o famoso prêmio Pulitzer, em 2011, com A Visita Cruel do Tempo. Apesar da importância que acaba pesando sobre um livro que recebeu tamanha premiação, iniciei a leitura desse livro sem saber muito o que esperar. Li algumas resenhas, mas me furtei o direito de ler a sinopse, e agora me congratulo pela decisão, as sinopses estão cada vez mais explícitas, revelando mais do que seria prudente.

Inusitado. Não consigo vislumbrar adjetivo que se encaixe melhor nesse livro do que este. Jennifer Egan brinda o leitor com uma experiência... diferente.

Logo no primeiro capítulo conhecemos Sasha, uma cleptomaníaca. A partir de então somos levados pela narrativa dos eventos pelos quais a personagem passou e o impacto de sua doença em uma conversa com o psicanalista. Mas, com o decorrer do livro e de forma, aparentemente, inexplicável somos apresentados a novos personagens, contextos e situações.

Então conhecemos Bennie Salazar, um executivo do ramo musical, famoso por ter descoberto a banda Conduits. Há também Lou um produtor musical viciados em drogas e garotas. Outras figuras são levadas ao conhecimento do leitor, cada uma com sua história e seus dilemas.

Em meio a uma alegoria de personagens comuns, de uma verossimilhança inquietante, a autora nos leva por diferentes momentos, somos arremetidos a adolescência de alguns personagens, mas também a vida adulta. Tudo isso sem uma cronologia demarcada de forma ordeira.

Os capítulos que decorrem sobre determinado personagem pode representar o ponto de partida para a história que se desenrolará no capítulo seguinte. De forma bastante competente, embora possa parecer desordeira, os capítulos vão de desenrolando em sobreposições de histórias e dos impactos do tempo na vida de cada indivíduo.

A desordem que num primeiro momento pode incomodar o leitor é apenas parte de um receituário que se mostra perturbadoramente bem interligado. Apesar dos saltos temporais e dos acontecimentos repentinos, tudo é produto do tempo. E é nesse ponto que Egan evidencia toda a grandiosidade e o quão perigoso pode ser esse elemento.

De uma forma inquietante ela apresenta personagens que pareciam ter um destino traçado, pré-determinado, para com o decorrer da história mostra que o tempo pode ser cruel, e os encontros e desencontros, as decisões corretas e erradas podem nos levar a um desfecho que não poderia ter sido vislumbrado.  É essa incerteza, a incapacidade de controlar o tempo bem como sua transcendência, além dos efeitos inexoráveis que ele traz consigo, são fatores suficientes para conformar a importância, quando não a incompreensão, capaz de circunscrever os fatores temporais.

Quem é esse velho morrendo ali na minha frente?Eu quero aquele outro, aquele homem egoísta, predatório, aquele que me fazia virar entre suas pernas bem ali, ao ar livre, empurrando minha nuca com a mão livre enquanto ria ao telefone. (...) Tenho uma ou duas coisinhas a dizer a esse outro homem.

Cruel, mas muitas vezes um aliado importante e essencial, que nem sempre parece fazer o que deveria, o tempo está presente e de maneira imperiosa.

E com uma narrativa que alterna entre primeira e terceira pessoa, contada por diferentes personagens, com histórias muitas vezes diversas, mas que se interligam surpreendentemente Egan nos presenteia com A Visita Cruel do Tempo. Sendo um capítulo apresentado em forma de apresentação de slides. 

Mordaz, cru e criativo é assim que Egan traça sua história em uma trama capaz de impressionar o leitor. Porém, vale acrescentar que devido ao enredo inusitada é um livro que pode não agradar todos os leitores.

“A visita cruel do tempo” trata também da decrepitude humana, e não relacionado ao envelhecimento, mas sim, e de forma incisiva, sobre como utilizamos o tempo que nos é dado. E acreditem, Egan mostra de forma clara que a visita do tempo pode ser de diferentes formas, estarrecedora.

Resenha complexa? Certamente, mas talvez o seja porque o livro que foi objeto de analise nos ofereça um panorama tão complexo e fascinante tal como é o tempo.

 O tempo é cruel não é? Vai deixar ele intimidar você?
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